Estamos em ano eleitoral e, apesar de alguns em sua rotina sequer reflitam em torno de Esperança e das nossas esperanças e aspirações, julgo oportuno chamar a atenção para a Cultura e o Desporto.
O antigo Departamento de Educação se tornou Secretaria e com o tempo, de Educação Cultura e Desportos, com um Deaesp, Departamento de Esporte Amador de Esperança. Esse por sua vez se tornaria Secretaria, como proposto nas eleições 2008. No entanto, projeto apresentado, acabou por ser reprovado por maioria oposicionista e falta da situação na Câmara Municipal, este ano. Não se sabe se por estratégia para expor bancada do contra ou se por ter sido lembrado tardiamente, difícil mensurar prós e contras disso. Fato é que o imbróglio despertou pequeno debate entre os desportistas da cidade. Agora, reaparece nas propostas de campanha.
O Departamento de Cultura (?), por sua vez, contou com um nome afim no posto de Diretora. Essa pasta viveu desde sempre, dentre outras momentos, os encontros municipais de arte e a Conferência Municipal de Cultura, mais recentemente. Tanto no esporte como nas artes, via de regra, reduzindo o conceito de cultura, as ações até se apresentam fora da sala de aula, mas sempre com ares de consumo interno. Assim sinto. Assim, sinto muito.
A despeito das miudezas locais, o fato é que, sem o desdobramento da atual Secretaria de Educação em três, já em 2013, sem a criação e implantação legal, física e de pessoal, das Secretaria de Cultura e Secretaria de Esportes, Esperança e quase todos nós ficaremos aquém de recursos e oportunidades de desenvolvimento, proteção e valorização da nossa identidade coletiva e sujeitos ao domínio alienígena de modelos e padrões; continuaremos a valorizar o que vem de fora e ignorar o que temos, o que tivemos e a nossa resistência cada vez mais frágil.
Apesar das honrosas exceções, em atos, pessoas e instituições, é preciso perguntar o que tivemos nos últimos 30 anos, promovido pela Administração Municipal:
1. Quantos eventos esportivos? Quantos eventos culturais?
2. Temos política cultural de estímulo às artes plásticas, artes cênicas ou mesmo literária? E de estímulo à potencialidade esportiva?
3. Temos um calendário oficial de eventos, publicizado para todos e vivenciado por quem quer que seja?
4. Por que as extensões do Festival de Inverno de Campina Grande não tiveram mais acolhimento em nossa terra?
5. Por que a Câmara Municipal permanece no prédio construído para Centro Cultural?
6. Por que o “Centro Cultural e Biblioteca Dr. Silvino Olavo” permanece mero depósito de livros?
7. Por que o GTA Jesus de Nazaré vive em constante via dolorosa?
8. Por que os músicos têm que permanecer motorista, ASD, professor, pintor de parede...
9. Por que os artistas que, ainda, não alcançaram os holofotes ou não nos agradam são tratados por ridículos?
10. E o que é que eu, que agora leio, tenho a ver com isso?
Sabe-se que as políticas nacionais dão o tom da liberação de recursos para as ações nas esferas Estadual e Municipal, assim se evidenciam na Educação, na Saúde e recentemente na Assistência Social; por isso nossa Secretaria de Agricultura se tornou também de Recursos Hídricos e Meio Ambiente; também por isso seria a de Comunicação, Eventos e Turismo.
Sem uma Secretaria de Esportes, como pegar o bonde nas Olimpíadas e Copa do Mundo que se avizinham?
Desde o início da Gestão de Lula, com Gilberto Gil e outras figuras do mundo das artes no Ministério da Cultura, tem-se investido nos pontos de cultura e na política de valorização das identidades regionais. Mas a que isso nos serviria?
Continuamos deixando o bonde passar. Mais cedo ou mais tarde, arrependidos, veremos que era uma Maria Fumaça, que parou, passou e a gente não entrou. Logo, logo um trem-bala e a gente apenas cambaleando.
Em tempo,
A Escola Irineu Joffily está comemorando seus 80 anos. Esperança, apesar dos 87 que vive, faria 300, ano que vem, se a referência fosse Banabuyê. Esses bens simbólicos são relativos e de importância imaterial. Ora, se outro registro mais antigo que 1713 aparecer, a referência muda. Passado o ano 80, a escola continuará a depender das conjunturas políticas e da relação de dedicação dos que a fazem. Mas nem por isso merecem passar em branco e nos chamam a atenção para aspectos da nossa identidade coletiva, cultural. O PIC 80.300 é mutante e refletir é preciso.
Ilustrações: 1.Igreja Matriz de Esperança (2012, Nokia X2.00); 2. Capa de Sombra Iluminada, reproduzida no CorelDraw e 3. Xilo do cordel "Neco é D+" (sob supervisão de Fernando Macambira).
Evaldo Pedro Brasil da Costa