BOM DIA, ESPERANÇA!
Faz muito tempo que não uso o Face Book para exprimir opinião sobre qualquer coisa em Esperança. Não por ser omisso, nada disso, mas por precaução. Esperança é um “campo minado”, onde as paixões políticas se exacerbam e, no mais das vezes, perde-se o norte e/ou a razão.
Digo isto como alguém que já se envolveu em um punhado de casos em defesa da comunidade, indispondo-me com certo juiz de direito (Comarca de Esperança) e com certo pároco (Paróquia de Nossa Senhora do Bom Conselho), ao tempo em que era um minúsculo empresário na área de educação em informática. O alto preço já foi pago, as marcas ainda permanecem.
Faço este preâmbulo para entrar numa seara também não muito fácil de lidar. É sobre as notícias já recorrentes de que Nilberto Almeida, o Bebel, um dos expoentes do Grupo Almeida e empresário de reconhecimento inconteste, se apresenta no cenário esperancense com um projeto para recuperar o Estádio José Ramalho da Costa e, a partir daí, alavancar não somente o América Futebol Clube, nem apenas o esporte local. A recuperação daquele patrimônio ‒ construído com a abnegação do seu patrono (entre outros empresários) que dá nome ao Estádio traz a possibilidade concreta de elevar Esperança a um outro patamar sócio-cultural-econômico.
Aquela agremiação esportiva, criada em 21 de Abril de 1945, em via de comemorar seus há 78 anos, não pode permanecer como se encontra, ainda mais oferecendo riscos à comunidade com a insegurança relacionada às suas instalações, fato já conhecido com a queda de parte do muro lateral, margeando o ambiente da feira-livre onde circulam milhares de transeuntes, tomando-se por base que sua Associação não possui meios de mantê-las intactas e seguras.
Aqui pretendo mergulhar na história para que tenhamos ideia do quão grande foi o sonho e a concretização do Estádio José Ramalho da Costa, na segunda metade da década de 50, mais precisamente em 1956, há exatos 67 anos a se completarem no próximo dia 22 de janeiro. Imaginemos qual era a população esperancense, à época, o gigantismo daquele empreendimento. Quantos estádios de futebol do mesmo porte existiam no Estado da Paraíba, Nordeste e Brasil. Eu, que venho do Recife, lembro que o meu Santa Cruz (hoje possuindo o maior estádio particular do Nordeste; segundo maior estádio particular do Brasil e quarto maior estádio particular do mundo) era um pouco parecido com o atual estádio do “América de Esperança”. Não por acaso, é uma história a ser preservada.
Mas, além da história, chamo a atenção para alguns fatores sócio-cultural-econômicos que passam desapercebidos a um olhar não muito atento. Imaginem o América Futebol Clube disputando a Série A do campeonato paraibano e quantos empregos diretos e indiretos surgiriam a partir desse evento. Os artesãos, as senhoras da cocada e do amendoim, o homem da pipoca, o menino do rolete-de-cana, bares e restaurantes, transportes, postos de gasolina... Haveria um ganho geral, sem esquecer os ganhos sociais com a formação e projeção de atletas locais e adjacentes nos incontáveis cenários futebolísticos daqui e alhures.
Bebel pensa grande. Devo lembrar (faz uns vinte anos), fui ter com aquele empresário uma conversa que remetia a este assunto. Indaguei-o sobre o porquê do Grupo Almeida não patrocinar o América da mesma forma que patrocinava o Treze de Campina Grande, a partir da Suvinil. A resposta, à época, foi convincente. Fico feliz, no entanto, com essa sua tomada de posição. Um comodato de uns 20 anos beneficiaria a Instituição América, elevaria seu patrimônio material e imaterial e, por uma questão de justiça, ainda propiciaria a Givanildo, seu abnegado presidente, a oportunidade de fazer parte do corpo diretivo com um pró-labore a que faz jus.
Assim ganharemos todos!
(Carlos Alberto de Almeida, via Facebook)