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05JAN Ilustração com o logo do programa, conforme o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. (Atualização 2021).
FONTE: ASCOM, via Jornal Grande Bahia. TRATO: Evaldo Brasil
O Programa Bolsa Família e o Bolso das Famílias de Programa
Há muito não ia a uma sessão na Câmara Municipal de Esperança/PB. Trabalhando também à noite, só em situações excepcionais. Eis que a solicitação de uma Audiência Pública sobre a Greve na Educação me levou até lá, dia 24 de maio.
Há muito não via uma sessão tão desigual. Trabalhos à parte, só em feiras promocionais. Eis que a solicitação da Audiência Pública sobre a grave crise na Educação foi aprovada por lá, dia 27 de maio, às 14h. Sexta-feira.
Há muito não via fala tão paradoxal. Trabalhadores à parte, as famílias que recebem do Programa Bolsa Família/PBF foram associadas à violência. Sobre essas graves crises, o Vereador Adailton Santos disse do batalhão local estar colocando cerca eletrificada (!)
Há muitos pais de família que minimizam a situação de risco em que vivem com os pequenos valores do PBF. Condicionados à manutenção do filho na escola, à vacinação etc. Se pai, mãe ou ambos gastarem “todo” esse dinheiro com o que quer que seja... Esses dois condicionantes já me dão por convencido do valor do PBF. Como se não bastasse à injeção do montante de recurso na economia local.
Há argumentos fortes contra o PBF: Gera preguiça e acomodação. Ninguém quer mais ganhar 40, 50 reais pra ajudar a encher uma laje, ninguém mais quer ser chamada de peniqueira pra ganhar, honestamente 20 ou 30 reais numa casa de família, pra lavar, passar, cozinhar... Ah, quase me esqueço de lembrar os prazeres de comer e ser comida na casa dos bons e fiéis patrões... e, quanto à laje, entre amigos e com aperitivo e tira-gosto, até de graça.
Com um pouco de dinheiro na mão qualquer pessoa corre dois riscos: de se acomodar ou dar um passo pra sair da miséria absoluta. No primeiro caso, paro. No segundo, aliado ao PBF há programas de capacitação e estímulo a pequenos negócios. Com um pouco de comida, sabão e uma roupa limpa, dá para procurar trabalho.
Sem um pouco de dinheiro na mão qualquer pessoa corre dois riscos: de se acomodar ou se desesperar. No primeiro caso, fica à mercê dos chefes políticos e, na emergência de não morrer e se resolver para o agora e nada mais, se vender e ser massa de manobra. Voto, em uma palavra, a cada eleição. Mula, em outra palavra, a cada circulação de droga comandada pelos chefes. No segundo caso, tomar atitudes agressivas, violentas não criminosas, mas respondendo à violação a que são submetidas diuturnamente por esta sociedade de consumo da qual somos parte.
Não sei, não. Mas entre discursos bem articulados que pouco dizem, mal articulados que dizem muito e silêncios, fico sem saber o que fazer diante do fato de que todos têm razão e, ao mesmo tempo, razão nenhuma. E no diálogo dos Edis com a plateia, me vejo sendo convidado a referendar o que, nem sempre sei, nem sempre concordo. Mas, silenciosamente ou com um leve meneio da cabeça, me vejo obrigado a, comigo mesmo, ora concordar ora discordar de todos eles.
O Bolsa Família deu, dá e continuará dando votos e causando a insatisfação de quem, dele, não pode ou não deveria tirar proveito. Imaginem que deu trabalho para a ex-vereadora Tica, nossa companheira de partido, retirar o nome da lista de beneficiários, vez que agricultora de assentamento, seguro safra ou coisa que o valha, passou alguns meses do seu único mandato ainda na lista. Burocracia, lentidão, ignorância...
Não, não sei. Mas gostaria de saber. Se o pior seria não ter o Programa Bolsa Família e/ou manter o Bolso das Famílias de Programas. Ou se uma coisa e outra é a mesma coisa e *nada representam na singularidade do ser.
Evaldo Pedro da Costa Brasil
Esperança/PB, em 30 de maio de 2010