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20ABR Mais um poema do projeto-militância literária, aqui replicado como todos os de esperancenses selecionados.
FONTE: Egberto Vital, via Instagram. TRATO: Evaldo Brasil.
CRÉDITOS
Quadragésimo quinto poema da série "um poema por dia", do próprio Egberto Vital, quem, como professor, oferece a seguinte explicação:
Você já leu um haicai?
Haicai é um gênero de poesia com forma fixa, ou seja, ele deve obedecer a uma métrica específica, esse que trago para vocês está de, como às vezes dizemos, "pé-quebrado".
Nesse gênero, de origem japonesa, em que se trata, comumente, de temas bucólicos, o poema possui três versos: o primeiro e o terceiro são redondilhas menores — versos de cinco sílabas —, e o segundo, redondilha maior — verso de sete sílabas.
Aqui a lógica do haicai é subvertida. O ar bucólico não parece possível de ser acessado, pois a pandemia não nos permite sequer sentir a brisa do campo com a tranquilidade de antes, estamos de máscaras, nossas vias respiratórias encobertas por um pano de dupla camada, inalando de volta o CO² que produzirmos e que deveria ser liberado, escondendo também parte de quem somos.
A máscara quebra a forma fixa do haicai, o tira do eixo, do aspecto normativo da forma, arranca dele o seu normal, oculta parte do que ele deveria ser.
Era para ser um haicai, mas teve de usar máscara.
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